Me lembro que, quando eu era criança, uma das minhas atividades favoritas era ir à feira livre com minha mãe.
Próximas à minha casa, existiam três feiras: a de domingo, a de sexta-feira e a mais legal, que era a das quartas-feiras.
Para chegarmos às feiras de sexta e de domingo, tínhamos que caminhar bem mais e, além disso, tinha um morro... que dava preguiça só de pensar em subi-lo. Talvez seja esse um dos motivos que faziam-nas menos interessantes.
Já a feira de quarta... ah, que delícia! Era nela que minha mãe encontrava as vizinhas, as amigas, as mães das outras crianças da escola... E eu encontrava as filhas de todas essas mulheres, porque as filhas também gostavam da feira, assim como eu. Era uma farra!
Naquela época, tudo se comprava na feira, não só frutas, legumes e pastel. Roupas, produtos da Avon, panela, a mistura da semana, Havaianas... tanta coisa...
Fui crescendo, passei a estudar em lugares mais distantes, fui perdendo o contato com as filhas das mulheres da feira. Comecei a trabalhar, mudei de casa e fiquei alguns anos sem voltar à feira.
Quando numa quarta-feira, estando de folga, resolvi descer na feira, me deparei com os efeitos da modernidade.
Com menos da metade de sua extensão original, restavam somente algumas pobres e cinzas barracas. Já não se ouvia mais o pregão dos feirantes, até porque as donas-de casa não existiam mais por ali. Nem por aqui.
As mulheres da feira, assim como minha mãe, começaram a trabalhar fora e, por isso, não podiam mais se dar ao "luxo" de ir à feira em plena manhã de dia útil (a não ser que fosse para a patroa). E com mais dinheiro no bolso, as famílias, então, passaram a frequentar outros lugares e adquiriram outros hábitos de consumo; trocaram as frutas e os legumes por lanches do McDonalds (com direito à Mc Lanche Feliz para as crianças!); trocaram a feira pelo shopping.
Além disso, hoje, todo mundo faz a feira no superhipermercado. E lá, também compram roupas, a mistura da semana, panela, Havaianas... tanta coisa...
A hora da Xepa chegou mais cedo na minha querida feira. Pelo menos, ainda resta o pastel. Não tem nada igual a pastel de feira! De quarta-feira.
Oi Ana! Que máximo, vc tem um blog! rs Ah, há quanto tempo ensaio para criar o meu! Mas ainda vou. Gostei muito da introdução e desse texto. Curto muito essas análises de mudanças sociais, comportamentais e tal. Até mesmo o blog é uma grande mudança. Um canal aberto, democrático, pessoal e público para pulverizar ideias, refletir, ah, tanta coisa. Quero sempre voltar aqui e assim que criar o meu, tb te chamo pra andar por lá! Um beijo!!
ResponderExcluirCintia Oliveira
Obrigada, Cintia. E pode ter certeza que vou visitar o seu blog também. Bj.
ResponderExcluirEu particularmente adorei essa sua análise, pois me lembro muito bem da feira perto de minha casa, que era aos sábados.....nossa era de lei, se fosse a feira tinha que ter pastel, sem falar que hoje está 1/3 da que existia 8, 9 anos atrás.
ResponderExcluirTenho que admitir que a infância não é igual quando não se conheceu à uma feira livre. Eu adorava acompanhar a minha mãe (mesmo tendo que ajudar a carregar aquelas sacolas intermináveis e pesadíssimas de chuchu, abobrinha, bananas, tomates, e a mais temida: as batatas!)Mas como a minha mãe costuma sempre dizer: pastel de feira tem que ter. E (palavras dela) tem que ser de japonês!!
ResponderExcluirAdorei o blog Aninha..
Bjusss