segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Pede um pé de fruta

Você tem ou conhece alguém que tem um pé de fruta no quintal de casa?
Aqui na cidade de São Paulo é muito difícil encontrar um desses privilegiados. E eu sou um deles; tenho um pé de acerola carregado no meu canteiro.
Como ele fica do lado de fora do portão, vira e mexe, algum vizinho se aproxima com uma sacolinha e faz a colheita. Já fiquei brava algumas vezes, mas sei que a feira está bem cara.
Há algum tempo, minha irmã e eu, passeando pela rua Frei Caneca, nos deparamos com um pé de carambola na calçada. Foi tão lindo, mas também foi triste pois sabíamos que pouca gente se daria conta daquela preciosidade da natureza no meio do concreto, ou por pressa, ou por distração.
Voltando a falar sobre pé de fruta em casa, meu pai conta que quando era menino, lá no interior de Minas Gerais, existiam 8 pés de manga no quintal da casa dele! E cada um deles tinha um nome, de acordo com suas características ou localização: pé de dentro, das pedras, da azeda I, da azeda II, do barranco, caduco, do poção e da sombra.
Fiquei encantada com essa história...
Imagina que legal: quando bater aquela vontade de chupar manga, você só precisa escolher qual pé quer escalar ou sacudir... Perfeito!
Pois numa dessas subidas aos pés de manga, meu pai adquiriu uma baita cicatriz no joelho. Ele queria a fruta mais doce e suculenta e, ao escalar o pé "de dentro", que era um dos mais altos, acabou caindo lá de cima.
Levou uma bronca por causa da arte mas, em contrapartida, se deliciou com aquele sabor único.
Na casa da minha outra avó, tinham 2 pés de manga, além de jabuticaba, cana e jambo. Me lembro que eu chupava cana até doer o maxilar! E o jambo... Ah, o jambo... A fruta que eu jamais esqueci e nunca mais encontrei...
Você tem ou conhece alguém que tem um pé de jambo no quintal de casa?

domingo, 15 de novembro de 2015

Raio cai pela segunda vez no mesmo local e atinge moça nublada


Saindo do trabalho, percebo aumentarem as gotas sobre a poça d'água.

A motorista da van dá a partida e durante o rápido trajeto, a chuva aumenta de intensidade.

Chegando ao local usual de desembarque, pergunto à motorista se não seria possível abrir uma exceção e nos deixar mais próximos à entrada da estação. "Não."

Abro meu magro e singelo guarda chuva e após alguns passos, já estou caminhando sobre minha poça d'água particular: meus sapatos. À essa altura, meu jeans também já parecia mais índigo.

Começo a xingar, claro, e a me perguntar: "por que não saí 10 minutos antes?", "custava essa motorista nos deixar ali na frente?"

O pior mesmo é, depois de tudo isso, entrar no trem e ver que lá, todo mundo está seco! Ironias da vida...

As portas do trem se fecham. O moço careca de barba farta saca o violão de dentro da capa protetora e a moça bonita de coturno tira sua surpreendente voz de dentro do peito.

Ele toca a linguagem universal dos instrumentos musicais; ela canta de um jeito forte e imponente, num idioma que não reconheço. Apesar da dificuldade com a língua, essa intervenção desanuviou minha mente e meu coração e tornou aquele momento especial para todos os que estavam ali.

O moço de barba e a moça de coturno apresentaram duas músicas (para mim, inéditas), agradeceram, se despediram e foram embora. Assim mesmo, inesperadamente e de graça!

Nem tive tempo (ou coragem) de agradecer-lhes o presente.

Mas fica aqui o meu muito obrigada à motorista que me fez tomar chuva e, com isso, pegar exatamente aquele trem.

Corpo e alma lavados!


Obs.: Embora retrate um acontecimento novo, este texto retoma a mesma ideia do texto: "Conspirações e inspirações", também publicado aqui no blog. Confira, compare, dê sua opinião!

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Conversas de uma tímida

Rose pegou o ônibus e se sentou naquele banco que fica bem atrás do banco alto. Se sentia mais à vontade ali.
Chegou um rapaz de bermuda, com um livro na mão, olhou nos olhos de Rose e disse: "Licença! :)". Bem assim, com um sorriso no rosto; não daquele jeito frio e mecânico que falamos por falar, todos os dias.
Rose achou aquele gesto tão bonito e retribuiu da mesma forma: "Toda! :)"
Ela considerou interessante a oportunidade de iniciar uma conversa com aquele rapaz.
Ofereceu um chiclete. Perguntou qual livro ele estava lendo. Zombou porque ele estava de bermuda naquele frio.
O rapaz desceu um ponto antes do de Rose.
Ela pensou: "se eu tivesse mais coragem, essa conversa poderia realmente ter acontecido..."
E seguiu com o seu "eu", rumo ao previsível.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Brado retumbante

Sentido Júlio Prestes, dez da manhã de uma segunda feira, 08/06/2015.
Conheci uma linha da história do sr. Eduardo.
Um senhor alegre que narrava, em sua linguagem predominantemente militar, a época em que serviu ao Exército brasileiro. Citou vários nomes, incluindo o de seu comandante (que não me lembro agora) e do então presidente da república: Getúlio Vargas.
Dentre outros assuntos, ele deu a descrição técnica de algumas armas que usava e falou sobre infantaria e artilharia.
Não sei se ele estava falando com alguém específico, só sei que ele estava falando alto e, pelo pouco que ouvi, fiquei com vontade de conhecer mais um pouco da história do sr. Eduardo.
Pena que tive que priorizar o brado retumbante que me governa.
Meu presidente: Altino.
Desembarquei e marchei até meu posto para mais um dia de luta.

terça-feira, 5 de maio de 2015

Conspirações e inspirações


Aí, eu fico chateada porque perdi a van e tive que esperar a próxima...
"Caramba! Vou acabar perdendo o trem também! Afinal, quando uma coisa dá errado, as que vem na sequência também tem chance de dar errado..."
Isso aconteceu na semana passada e eu, de fato, perdi alguns minutos a mais nessa brincadeira. Cheguei à estação e fiquei aguardando no mesmo local de costume, na plataforma. Mais alguns minutos e lá vem o trem: PIUÍÍÍ... (só que não!)
Quando ele parou e a porta em que eu estava em frente se abriu, me deparei com o real motivo pelo qual perdi a van: uma dessas linhas invisíveis que conectam e equalizam pessoas e coisas no universo.
Dentro do vagão (poderia ser em qualquer outro vagão, mas foi no que eu entrei) havia um rapaz tocando violoncelo. Que presente de Deus! Um pouco de novidade na rotina diária!
O rapaz tocou desde trechos de música clássica até Luiz Gonzaga! Contou, em seu portunhol simpático, que viaja pelo mundo fazendo música para tornar mais feliz o dia das pessoas.
Nada acontece por acaso. Nós e as coisas do mundo somos movidos invisivelmente por essas linhas, que nos permitem viver experiências, viver a vida!
Ainda esses dias, eu conversava sobre isso com minha irmã e meu cunhado. Essa estranha conectividade que faz com que tudo se encontre, ou se desencontre. Eles até mencionaram um filme que traz a tona esse assunto: Medianeiras. Não o vi ainda, mas pelo o que me contaram, parece bem interessante. Fica a dica!
Outra coincidência é que há algum tempo venho alimentando uma grande vontade de tocar um instrumento, mais especificamente, o contrabaixo. Será um sinal?
Enfim, agradeço ao jovem músico que me tirou da mesmice de cochilar durante a viagem de volta pra casa.
E um MUITO OBRIGADA! especial ao motorista da van, por NÃO ter me esperado!
Sem você, "motô", nada disso teria acontecido. Inclusive, esse texto!