segunda-feira, 5 de julho de 2010

Lendo e aprendendo (história real)



- Ah, como eu queria saber ler...

- Calma! Quando você menos esperar, vai estar lendo tudo. Você vai aprender a ler aos poucos, não se desespere! Mas, já que estamos aqui, vamos treinar. Eu te mostro a figura, você tenta lembrar o que é e, aí, nós lemos a palavra juntas, tudo bem?

- Tá bom.

- O que é isto?

- É... não lembro o nome.

- Vou te dar uma dica. Nós usamos para lavar louça.

- Lavar louça?

- É. Para lavar os copos, os pratos, os garfos...

- Já sei! Isto é um LA-VA PRA-TOS!

- É... é um DE-TER-GEN-TE! E isto, o que é?

- Este eu sei. É Q-BOA!

- É o quê?

- Q-BOA!

- (Sussurrando) Léia, o que é Q-Boa?

- É o que, em São Paulo, chamamos de Cândida.

- Ah, tá! Vamos para o próximo. O que é isto?

- É NES-CAU.

- Na verdade, é TO-DDY.

- É o quê?

- É aquele chocolate em pó que colocamos no leite, só que de outra marca. Este é TO-DDY.

- Mas, dentro dele tem Nescau!

- É, você tem razão, Iasmim.


Naquele dia de minhas últimas férias, aprendi várias palavras e expressões próprias daquela região do nosso país e, principalmente, percebi o quanto nós, adultos, somos pretensiosos e dificultamos as coisas. Afinal, louça é artigo de luxo, que a maioria de nós não tem em casa; o que nós temos são colheres, garfos, copos e pratos. Q-Boa ou Cândida, tudo é água sanitária e Nescau e Toddy, no fundo (ou dentro), são a mesma coisa.

Sábia Iasmim. Você nem sabe, mas, naquele dia, aprendi muito mais do que ensinei.