sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Desejo


Só quero que você me tome em seus braços
E me leve para sua vida
Ousadia?
Não. Apenas vontade de fazer poesia.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Torpedo extraviado


Ontem recebi uma mensagem no celular, que continha o seguinte texto: "Meu amor, esqueceu que eu não estou no Refúgio?".

No primeiro momento, apenas dei risada, já que a mensagem certamente não era para mim.

Depois, fiquei pensando: o que deverá ser o tal "Refúgio", escrito assim, com a primeira letra maiúscula?

Seria um local espiritualizado, distante da cidade, onde a grama é bem verde, o céu é bem azul, os passarinhos cantam livres e respira-se ar puro?

Poderia ser também um nome fictício para se referir a um local destinado a encontros amorosos secretos?

Me lembrei daquele romance do século XIX, O primo Basílio, de Eça de Queiróz, em que Luisa, que é casada com Jorge, tem um relacionamento secreto com seu primo, Basílio. Os amantes passam a se encontrar no "Paraíso", que nada mais é do que uma espécie de motelzinho chinfrim de beira de esquina, onde a paixão acontecia de forma intensa.

Seria essa também a finalidade do "Refúgio"?

Uma outra vez, recebi um SMS desviado, em que a pessoa que escreveu estava bastante aflita com a finalização de um trabalho de faculdade sobre uma disciplina que nunca ouvi falar (hoje, nem me lembro mais qual era...). Diante da importância da mensagem, respondi ao remetente, dizendo que ele/ela havia se enganado quanto ao destinatário e desejando sorte na conclusão do tal trabalho.

Até hoje, não recebi nem um "obrigado". Mas, tudo bem. Ninguém é obrigado a dizer "obrigado".

Se você, que está lendo esse texto agora, souber quem é o "meu amor" ou, então, a pessoa que "não estava no Refúgio" avise, por favor, que o torpedo extraviou.

Neste caso, é melhor eu não querer ser simpática ou empática.

Não quero que minha intenção seja mal interpretada, ou melhor, desviada de seu destino original.


segunda-feira, 19 de novembro de 2012

À bandeira despregada


Pense na bandeira do Brasil, lá no alto do mastro, tremulando, demonstrando toda a sua imponência e magnitude, liberdade e independência...

Uma bela imagem, não?

Qual seria, então, o significado do expressão rir à bandeira despregada? Você já ouviu essa expressão alguma vez?

Será que remete a algo fora de controle? Que acontece ao sabor do acaso, das circunstâncias, do vento?

Ou se refere a algo livre, que não depende ou se baseia em amarras sociais, pois tem sua própria autonomia?

Pode ser o mesmo que rir debochadamente, rir muito, rir alto, rir sem medo de passar por ridículo, rir sem se importar com o resto?

Dizem que essa expressão surgiu para descrever as ocasiões pós-batalha, em que as tropas vencedoras voltavam para casa, alegres e relaxadas, com a bandeira despregada do mastro, sinalizando a vitória. E, em caso de derrota, a bandeira vinha presa ao mastro.

A única coisa que sei é que aprendi a falar da tal bandeira despregada com minha mãe, que aprendeu com minha avó.

Sempre que minha mãe usa essa expressão, desde criança, eu pergunto:

- Mas, afinal, o que é isso?

E ela, depois de rir à bandeira despregada, responde:

- Não sei, não. Sua vó que falava...

Obrigada, vó, por me ensinar, mesmo iletrada, um pouco mais sobre a Língua Portuguesa!

sábado, 9 de junho de 2012

Renovação




Eu aqui, cheia de vontades, ideias e ideais,
decidindo se renovo ou não o aluguel
da pulga que mora bem aqui
atrás da minha orelha...

sábado, 14 de abril de 2012

Coisa da sua cabeça


Alice entra no elevador e encontra aquela moça com quem trabalha, mas não tem tanto contato.

Depois dos automáticos "oi, tudo bem?", "tudo, e você?", e tendo analisado Alice de cima a baixo, a moça, inquieta, puxa conversa:

- Aconteceu alguma coisa com o seu cabelo?

- Não, por quê? - pergunta Alice, pretensamente indiferente.

- É que você está usando esse pano na cabeça.

- Mas isso não é um pano! É um turbante! Assim como brinco, colar, pulseira também é um acessório, você não sabia?

- Ahhhh...

Fim do diálogo. E o 4º andar que não chega nunca...

Alice pensa:

"Caramba, será que ela é leiga mesmo ou só queria me irritar?

O turbante sempre esteve em alta e agora, mais do que nunca.

Vários sites e blogs ensinam formas de prender um turbante, revistas mostram modelos usando turbante. Erykah Badu usa megaturbantes há anos. Baianas, africanas e religiosos do candomblé frequentemente usam turbante. Até Bin Laden usava turbante... Meu Deus, em que mundo essa doida vive?"

Num mundo em que problemas na cabeça são resolvidos com um pano.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Manual Prático da Boa Convivência

Capítulo II - Na academia


Ao terminar sua caminhada ou corrida na esteira, desligue-a. Assim, você evita possíveis acidentes.

Reconheça a atividade intensa de sua glândulas sudoríparas! Se você transpira muito, tenha a civilidade de utilizar toalha e, quando possível, utilize um pano com álcool para higienizar o aparelho antes e/ou depois do uso.

Não monopolize os aparelhos! Seja mais gentil e reveze as séries de exercícios com as outras pessoas que estão aguardando para utilizá-los.

Se você utiliza várias anilhas e de pesos diferentes nos aparelhos, pense que nem todos são ou querem ficar tão fortes quanto você. Tenha a bondade de guardar as anilhas em seus devidos lugares e de deixar os aparelhos com o mínimo de peso possível.

As bicicletas ergométricas não estão na sala da sua casa! Portanto, se não estiver se exercitando, não as ocupe, somente para assistir ao seu programa favorito na TV.

Pista de cooper não é passarela! Deixe espaço para quem quer desfilar, ou melhor, caminhar ou correr mais rápido que você.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Viva o Sarau do Binho!



Dizem que a segunda-feira é o pior dia da semana porque as pessoas ainda estão naquele ritmo de fim de semana e, de repente, já precisam retornar à rotina de trabalho, estudos e outras convenções e necessidades.

Pois, eu digo, não poderiam ter escolhido um dia melhor para um sarau!

Confesso que, embora tenha me formado em Letras, até pouco tempo atrás, eu não tinha uma ideia muito clara sobre o quê viria a ser isso.

O senso comum me dizia que um sarau acontecia quando algumas pessoas se reuniam para recitar poesias, mas descobri que essa descrição é muito pobre, perto da grandiosidade do evento.

No último 30 de janeiro, vivi, pela primeira vez, o Sarau do Binho.

Naquele noite, houve apresentação de vídeos, seguida por um debate sobre a reintegração de posse na comunidade Pinheirinho, em São José dos Campos, interior de São Paulo.

O local estava lotado de pessoas de todos os tipos, em sua maioria, politizadas e, melhor que isso, engajadas. Arrecadou-se grande quantidade de artigos a serem doados aos desalojados e desabrigados. Compartilhou-se grande quantidade de ideias e ações em prol dos desesperados, desesperançados, despreparados, despoetizados.

Naquela noite, eu me senti como se estivesse participando de uma daquelas reuniões secretas dos partidos de esquerda, nos tempos da ditadura. Com a diferença de que, hoje, podemos viver e agir livremente (?) e de que estávamos num ambiente aberto e, literalmente, democrático, onde pude apreciar também um autêntico guaraná de bar, direto da garrafa de vidro... Sabor sem igual.

Na última segunda-feira, 13 de fevereiro, voltei a viver o sarau.

Desta vez, contamos com a apresentação do bloco carnavalesco Desbundas Artes, além de poesia, teatro, música, divulgação de projetos de mobilização social, comercialização da arte produzida pelas comunidades da regiao e muito mais.

Então, no meu entendimento, sarau é um estado de espírito, capaz de levar as pessoas a se expressarem e apreciarem, livremente, a arte, sob suas mais diversas óticas.

Quer melhor maneira para recarregar a bateria, renovar as energias e começar mais uma semana?

Que chegue logo a segunda-feira!

domingo, 15 de janeiro de 2012

Manual Prático da Boa Convivência

Capítulo I - No transporte coletivo


Uma mochila grande e cheia, nas costas, ocupa o lugar de uma pessoa; em uma das mãos, junto aos pés, libera espaço para mais uma pessoa. É sempre bom lembrar que trem/metrô/ônibus é igual à coração de mãe: sempre cabe mais um!

Ao carregar mochila, sacola, bolsa nas mãos, tenha cuidado para não rasgar meias-calça, ou levantar saias e vestidos acidentalmente (ou não).

Quando conseguir a proeza de se sentar, certifique-se de não deixar a ponta de seu casaco ou a alça da mochila repousando no assento ao lado, evitando, assim, que alguém se sente em cima, pois isso pode causar constrangimento para ambas as partes.

Quando estiver sentado, não fique roçando o cotovelo nas costelas da pessoa ao lado. Isso incomoda e muito!

Se você é daqueles que dormem à toa, por motivos óbvios, não se atreva a ocupar o assento preferencial!

Sabemos que é difícil controlar o sono, mas procure não se aconchegar no ombro da pessoa ao lado. Principalmente, se for um desconhecido.

Você gosta de fazer amizades? Ok. Quando você iniciar um diálogo, observe se seu receptor está sendo receptivo, de fato. Se não estiver, procure compreender que nem todos são como você.

O dia está chuvoso e você usou sua capa de chuva? Pois, faça o favor de tirá-la, antes de se sentar ou, se possível, antes de entrar. Usou guarda-chuva? Tome cuidado para não espetar ou molhar as outras pessoas.

Homens, sei que vocês tem algo entre as pernas, mas isso não justifica deixar o leque aberto ao máximo. Deixe espaço para as pernas e pés da pessoa que vai se sentar a seu lado.

Modere o tom de voz! As outras pessoas (que não estão participando da conversa) não precisam saber o que você fez ou vai fazer da sua vida.

O mesmo vale para os aparelhos sonoros. Modere o volume! As outras pessoas não devem ser obrigadas a ouvir o que você gosta.

Não permaneça nas áreas de entrada e saída, exceto quando for estritamente necessário, ou seja, quando for entrar ou sair.

Dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço. Dito isto, aguarde as pessoas saírem para depois poder entrar no vagão. Seja mais gentil e educado!

Procure carregar o mínimo de volume possível e vestir roupas o menos volumosas possível. Você vai sentir a diferença quando perceber que já chegou o seu ponto/estação e a porta está bem longe.

Cuidado ao se segurar nas barras horizontais dos coletivos! A ponta da sua jaqueta, ou a franja do seu cachecol pode estar roçando no pescoço de alguém e provocando cócegas. Atenção também para não despentear as pessoas com o seu braço.

Nas barras verticais, não finja que sua mão está escorregando, só para encostar na mão dos outros.

A maioria dos ônibus e estações de metrô/trem possui lixeiras, portanto, não há razão para jogar lixo no chão do coletivo ou pela janela, ou ainda, grudar chiclete mastigado nos cantos do assento. Sua mão não vai cair se você tiver que segurar o lixo até encontrar um local adequado para descartá-lo. O meio ambiente agradece.