sábado, 20 de fevereiro de 2010

Eu adoooooooro "Macunaíma"!




Quem já não começou e logo em seguida desistiu de ler "Macunaíma", de Mário de Andrade? Na escola, no cursinho, na faculdade as pessoas sempre fazem careta para o "herói sem nenhum caráter". Menos eu.

A primeira vez que li esta obra foi para prestar vestibular. Dei muita risada sozinha!
Na segunda vez, já estava na faculdade. Mais acostumada ao estilo de Mário de Andrade, consegui acompanhar sua reflexão sobre a busca da identidade nacional. E dei muita risada sozinha! No dia em que a professora disse que a leríamos e todo mundo torceu a cara, eu não me contive: "professora, eu adoooooooooro "Macunaíma"!" Oh, cara de espanto dos meus colegas! Ah, cara de felicidade da professora!

Se você pretende (ou precisa) ler "Macunaíma", o primeiro passo é despir-se do dicionário. Pode ter certeza de que, neste caso, ele não vai te ajudar em praticamente nada. Todos aqueles nomes indígenas, presentes na obra, estão ali para adornar o enredo, além de ser um belo registro da nossa Língua Brasileira. Depois, se deixe levar na "viagem" de Mário de Andrade e seu nem tão complexo personagem, pelo Brasil e mundo afora.

E não me venha com "ai, que preguiça". A preguiça pode significar mais do que você imagina.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Dia (in)útil


O que é um dia útil? Segunda, terça, quarta, quinta e sexta-feira? Depende. Útil para quê? Para quem?

A convenção bancária, financeira, econômica etc., delega que de segunda à sexta-feira, exceto feriados, temos os tais dias úteis. Mas, e aquele dia que é normalmente "enforcado"? Por exemplo, aquela segunda-feira que antecede a terça de Carnaval? É um dia inútil? Para quê? Para quem?

É verdade que não podemos decretar aos bancos que não queremos pagar nossas contas de segunda à sexta (exceto feriados, não se esqueça!), simplesmente, porque, para nós, esses são dias inúteis.

Mas, podemos transformar nossos sábados, domingos e feriados em dias úteis. Começando por desligar a televisão.

Se ficar em fila de banco, pegar trânsito e se estressar tornam o nosso dia útil, imagine se fizéssemos o que gostaríamos de fazer ou o que fosse realmente útil para nós? Nesse caso, todos os dias poderiam ser úteis, só dependendo da nossa vontade, iniciativa e ponto de vista.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

A boneca... puff!

Passeio em família. Oba, cinema! As meninas vestiram a "missa nova" (aquele melhor "par de roupas") para o grandioso evento.

Depois do filme, no caminho para o ponto de ônibus, lá estava ela: a barraca de brinquedos. E nela, estava Ela: a boneca que a menor mais gostou na vida.

Foi batizada de Gorda, tamanho o seu tamanho e volume. Adivinhem quem teve que carregá-la até em casa? A maior!

Ela tinha uma cara simpática, cabelos de lã cor de rosa e o corpo de pano. Viveu muitos anos com aquela família, presenciou muitas transformações e sofreu outras tantas.

Chegou à velhice, já bastante acabada, colocando os bofes para fora. A mãe veio com a resolução: temos que nos desfazer dela. Lamentos, protestos e, por fim, o arrebatamento.

Mas, a Gorda, mesmo depois de morta, ainda permaneceu com eles por mais alguns anos. Seus rins, fígado e pâncreas foram doados para o puff marrom, que andava meio murcho naqueles tempos.



segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

A feira de quarta-feira


Me lembro que, quando eu era criança, uma das minhas atividades favoritas era ir à feira livre com minha mãe.

Próximas à minha casa, existiam três feiras: a de domingo, a de sexta-feira e a mais legal, que era a das quartas-feiras.

Para chegarmos às feiras de sexta e de domingo, tínhamos que caminhar bem mais e, além disso, tinha um morro... que dava preguiça só de pensar em subi-lo. Talvez seja esse um dos motivos que faziam-nas menos interessantes.

Já a feira de quarta... ah, que delícia! Era nela que minha mãe encontrava as vizinhas, as amigas, as mães das outras crianças da escola... E eu encontrava as filhas de todas essas mulheres, porque as filhas também gostavam da feira, assim como eu. Era uma farra!

Naquela época, tudo se comprava na feira, não só frutas, legumes e pastel. Roupas, produtos da Avon, panela, a mistura da semana, Havaianas... tanta coisa...

Fui crescendo, passei a estudar em lugares mais distantes, fui perdendo o contato com as filhas das mulheres da feira. Comecei a trabalhar, mudei de casa e fiquei alguns anos sem voltar à feira.
Quando numa quarta-feira, estando de folga, resolvi descer na feira, me deparei com os efeitos da modernidade.

Com menos da metade de sua extensão original, restavam somente algumas pobres e cinzas barracas. Já não se ouvia mais o pregão dos feirantes, até porque as donas-de casa não existiam mais por ali. Nem por aqui.

As mulheres da feira, assim como minha mãe, começaram a trabalhar fora e, por isso, não podiam mais se dar ao "luxo" de ir à feira em plena manhã de dia útil (a não ser que fosse para a patroa). E com mais dinheiro no bolso, as famílias, então, passaram a frequentar outros lugares e adquiriram outros hábitos de consumo; trocaram as frutas e os legumes por lanches do McDonalds (com direito à Mc Lanche Feliz para as crianças!); trocaram a feira pelo shopping.

Além disso, hoje, todo mundo faz a feira no superhipermercado. E lá, também compram roupas, a mistura da semana, panela, Havaianas... tanta coisa...

A hora da Xepa chegou mais cedo na minha querida feira. Pelo menos, ainda resta o pastel. Não tem nada igual a pastel de feira! De quarta-feira.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Pó roxo, mini-conto

Acho que eu tinha uns seis anos, quando peguei catapora. Tive que ficar "de molho" por vários dias e tomar banho na banheira, cheia de água misturada com aquele pó roxo, que, até hoje, não sei o nome.

Minha mãe dizia que aquilo era remédio para secar as feridas da catapora; eu dizia que estava tomando banho de suco de uva.

Comédia tem graça (?)

Dia desses ganhei um par de ingressos para assistir à uma peça de teatro super aclamada pelo público e pela crítica. Era uma comédia que estava retornando à São Paulo, em curtíssima temporada, no bairro de Moema.

Fiquei super orgulhosa de mim mesma, afinal, consegui os ingressos (que não são baratos) através de um concurso cultural super disputado.

Convidei minha irmã para ir comigo. Fomos. Decorridos dez minutos do início da apresentação, e após contemplarmos as gargalhadas da plateia, decidimos ir embora.

Como estávamos próximas à saída de emergência, perguntamos ao segurança se poderíamos sair por ali. Ele nos questionou se estávamos passando mal, ao que eu respondi que, simplesmente, não gostamos da peça. Oh! Super cara de espanto do segurança!

Naquele dia, aprendi que todos nós, em algum momento de nossas vidas, sofremos de alienação. Só que de maneiras e em graus diferentes.

Naquele dia, entendi que o que é cômico para os críticos e para o público de Moema, para mim, não tem a menor graça!