terça-feira, 19 de abril de 2011

Lidando com o (des)apego



Dias atrás, resolvi dar uma organizada na minha estante de livros.

Esta iniciativa ocorreu, confesso, muito mais pela esperança de conseguir espaço para as novas aquisições, do que pela vontade de doar os mais antigos.

Não que eu não queira incentivar a leitura; pelo contrário, sendo eu, uma pessoa formada em Letras e viciada em leitura, quero mais é que as pessoas leiam, e leiam muito e sempre.

Meu problema, acredito eu, é o excesso de apego.

Durante a empreitada, encontrei vários livros didáticos: uns, que "esquecemos" de devolver para a escola no final do ano letivo e que passaram, então, a fazer parte da nossa biblioteca particular. Outros, guardados pelo simples prazer do saudosismo ou também porque podem vir a ser úteis algum dia (será mesmo?).

Lembram-se daquela enciclopédia, Pesquisando na Escola, que era vendida de porta em porta, composta por quatro livros: um azul, um verde, um amarelo e um vermelho e que vinha com um suplemento, contendo as fotos de todos os presidentes do Brasil, sendo, na época, José Sarney o nosso então presidente? Pois é, este foi só um exemplo.

A despedida mais dolorosa foi do livro de Língua Portuguesa que usei na 4ª série, há nada mais, nada menos do que 20 anos: Festa das Palavras.

Que delícia folheá-lo e lembrar que, naquela época, minha única preocupação era ter boas notas e passar de ano!

Vocês podem dizer que eu tenho problema, podem se perguntar por que eu fico guardando coisa velha e eu lhes digo: excesso de apego!

Ainda tenho alguns outros artigos para lidar e sei que também vai ser dureza! Dentre eles, apostilas de cursinho pré-vestibular e aqueles cadernos de 20 matérias, com a foto do Bob Marley na capa, que usei durante o Colegial, ou melhor, Ensino Médio, e que contém, além de Português, Matemática, Geografia etc., os registros de um coração adolescente, apaixonado pela primeira vez.

Cartões de Natal, cartas, mensagens, lembrancinhas de casamento e aniversário de criança, fitas cassete (inclusive a do Metalica, da minha fase roqueira!).

Etc.

Entendam, para mim, não parece normal alguém, simplesmente, se desfazer de partes de sua própria história.

Se sou apegada às coisas que representam quem eu fui e quem eu sou, se eu reluto em apagar essa memória, é porque ela tem algum valor em algum ponto dentro da história do mundo.

Se estou no mundo, logo, sou o mundo e, por isso, não posso me omitir e, menos ainda, me deixar omitir.

Desapego faz bem, mas com moderação.

3 comentários:

  1. A primeira vez que pude observar isso que vc escreveu foi quando entramos pra faculdade e eu como louca,estava procurando materiais para usar em sala e achei um livro que o prof.Edson Facco nos pediu,o mais engraçado que eu,em um dia livre estava procurando arrumar as minhas coisas e dei de cara com o livro que tinha pedido,todo rabiscado,pois eu ganhei de uma tia minha quando eu era criança e nem sabia ler,e ele era usado para brincar de escolinha....Depois de muitos anos aprendi a ter desapego por muitas coisas.Até pouco tempo,eu consegui me desfazer de coisas que marcaram a minha vida,como agendas,diários,cadernos de mensagens dos amigos de escola e figurinhas de bala.Arquivei td em minha memória,e o que eu achei legal foi lembrar de músicas das quais eu ouvia e corria pra anotar o nome,e que muitas eu já consegui baixar pela net...fica aqui meu comentário e desejo que muitas pessoas entrem e deixem seus comentários...Ana amiga,saudades....bjus Damile

    ResponderExcluir
  2. Obrigada pelo comentário, Dami! E vamos praticando o desapego... Bjs.

    ResponderExcluir
  3. Falando em (des)apego, sabem o que eu encontrei hoje? As velinhas do meu aniversário de 16 anos! Rsrsrsrsrsr....

    ResponderExcluir

Caros, leitores. Fico muito feliz em saber que alguém, (além de mim mesma) lê o que eu escrevo. Por isso, se possível, externe sua opinião, crítica, sugestão ou afins, deixando um comentário construtivo. Você pode também compartilhar os textos nas redes sociais. Muito obrigada!